"Fintechs avançam e já dominam 25% do mercado de cartões de crédito no Brasil".

Dar aquela passada no banco já não é atividade obrigatória para muita gente. A tecnologia trouxe facilidades que mudaram o comportamento dos clientes bancários e não é de hoje que ferramentas virtuais têm respondido bem às demandas deles. Para quem está familiarizado com o computador ou o smartphone, é fácil resolver tudo de forma ágil e com apenas alguns toques no teclado. A novidade, agora, é que as agências bancárias não estão perdendo espaço só para os canais virtuais, mas também para outras empresas que têm oferecido serviços personalizados quando o assunto são finanças pessoais: as fintechs.

Desenvolvidas por startups, elas vieram para ficar e têm alcançado bons resultados no mercado brasileiro. E os serviços são os mais variados, indo desde cartões de crédito sem cobrança de anuidade, acesso facilitado a empréstimos ou financiamentos, auxílio no controle financeiro familiar e transações com criptomoedas a até financiamento coletivo – conhecido como crowdfunding, quando pessoas ou projetos recebem doações de terceiros para um objetivo específico, que pode ser a abertura de um negócio ou patrocínio para participar de uma competição esportiva, por exemplo.

No ano passado, a concentração bancária no Brasil caiu. Os cinco maiores bancos do país (Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Itáu Unibanco, Bradesco e Santander) diminuíram a centralização de clientes e passaram a deter 70% de todas as operações financeiras brasileiras, ante os 74,3% registrados em 2017, segundo levantamento do Banco Central. Ou seja, a hegemonia ainda é grande, mas está diminuindo.

Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), os bancos 100% digitais e as fintechs já dominam 20% do mercado de cartões de crédito no país. O público que mais adere a esses novos modelos de negócio são os jovens de 18 a 35 anos, pertencentes às classes A e B.

O número de empresas que podem ser classificadas como fintechs, por sua vez, também não para de crescer. Atualmente, no Brasil, são 697 – já contadas as empresas abertas neste ano. Em 2017, elas eram 521, o que aponta um crescimento de 33,78%. A expectativa da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) é de que 2019 termine com um aumento de 25% no número de empresas. Estimativas do setor também apontam para crescimento de 40% em investimentos nos negócios.

 

Regulação estimula confiança dos clientes.

Um dos grandes desafios das fintechs é conquistar a confiança dos futuros clientes. Muitos consumidores ficam receosos, principalmente por ainda se tratar de algo novo. O diretor da ABFintechs, Mathias Fischer, explica que há um diálogo constante com órgãos reguladores no país para garantir o melhor funcionamento das empresas. “Apesar de as fintechs atuarem legalmente, muitas regras existentes não foram criadas especificamente para elas. Nosso diálogo com o Banco Central tem sido positivo desde o princípio e o texto tende a fomentar competição mais saudável no mercado e maior confiança tantos para os players [empresários] quanto para os clientes”, afirma.

E o dinheiro?

A quantidade de serviços e opções ofertadas pelas fintechs ao consumidor é bastante extensa – e é fácil perceber que a maior parte das atividades financeiras não precisa ser realizada dentro de um banco. Mas uma dúvida pode surgir: e se eu precisar de dinheiro em mãos?

Já há solução para isso. Diversas empresas já aderiram à rede 24h, que permite o saque de moeda em espécie nos tradicionais caixas eletrônicos. A fintech Saque e Pague, por sua vez, possui rede própria de equipamentos para serviços bancários – a empresa trabalha em parceria com bancos tradicionais e outras fintechs. Segundo a Saque e Pague, a maior parte dos clientes pode sacar dinheiro de forma gratuita, mas alguns bancos cobram pelo serviço nos caixas eletrônicos.

Para o diretor da ABFintechs, essa gama variada de novas empresas não concorre diretamente com os bancos, mas, sim, traz possibilidade de parceria e diversificação no mercado financeiro. “Não vemos as fintechs e os bancos como concorrentes. Acreditamos fortemente na cooperação entre estes dois tipos de provedores de serviços e a tendência para os próximos anos são fintechs e bancos trabalhando cada vez mais em parceria, de forma cooperada, somando esforços para que novos produtos e serviços sejam criados”, projeta Fishcher.

Open Banking.

A oferta de serviços personalizados aos clientes é um dos grandes diferenciais das fintechs. E isso deve ficar mais fácil com o chamado Open Banking (Banco Aberto, em tradução livre). Está em discussão no Brasil (e em outros países do mundo) a possibilidade de compartilhamento de informações bancárias e financeiras com uma plataforma tecnológica conhecida como APIs (sigla em inglês para Interfaces de Programação de Aplicação).

O compartilhamento é semelhante ao que já acontece no Cadastro Positivo, em que o histórico do consumidor fica disponível para que empresas possam, por exemplo, oferecer uma forma de pagamento facilitada, se o cliente tiver histórico de bom pagador.

Com o Open Banking a lógica é a mesma: empresas financeiras têm acesso aos dados dos clientes para oferecer soluções personalizadas. Por exemplo, o consumidor que usa com frequência o cartão de crédito e paga em dia todas as faturas pode conseguir propostas de instituições financeiras para utilizar o cartão sem nenhuma taxa de anuidade. A expectativa é que funcione, também, para sugestões de investimento: sabendo-se do histórico é possível verificar o perfil do investidor.

Quem decide se vai fazer o compartilhamento dessas informações é o consumidor, assim como acontece com o Cadastro Positivo. O Open Banking ainda está em discussão no Brasil e o modelo a ser adotado no país ainda está sendo analisado pelo Banco Central”

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